quinta-feira, 21 de abril de 2011

Motörhead abre show com clássicos em casa cheia em São Paulo

 Nós somos o Motörhead e tocamos rock'n'roll". Foi com meia hora de atraso, algo comum nas apresentações do grupo inglês, que Lemmy Kilmister anunciou o início do show do Motörhead, neste sábado (16), no Via Funchal, em São Paulo. E, em menos de 1h30, procurou resumir sua longa carreira musical.
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Com casa cheia, o trio abriu o concerto com dois de seus maiores clássicos, Iron Fist e Stay Clean, emendados um no outro, mostrando que sabe bem como conquistar o público logo nos primeiros acordes.
Com chapéu preto, estilo cowboy, o baixista-vocalista deixou mais uma vez claro que o show de seu grupo é uma verdadeira festa e confraternização do metal. No geral, os presentes faziam parte de uma geração que cresceu com o som da banda. Cabeludos, carecas, grisalhos relembrando os tempos da adolescência, com pulos, rodas de mosh - ato de puxar, empurrar e colidir com outras pessoas - e ovação geral ao grupo, cuja carreira chega aos 36 anos em 2011.
Acompanhado por Phil Campbell, na guitarra, e pelo sempre empolgado baterista Mikkey Dee, Lemmy mostrou que sua mera presença no palco já é motivo suficiente para levar os fãs à loucura. E, mesmo no alto de seus 65 anos, o inglês beberrão de sotaque difícil deixou claro que ainda tem muito gogó para gastar após tantas décadas na estrada.
Depois de Get Back in Line - canção do disco mais recente, The World is Yours, que dá nome à turnê atual -, o grupo apresentou Metropolis, faixa de Overkill, de 1978. "Vou contar até três e quero todos neste prédio fazendo o maior barulho que já fizeram na vida", bradou o guitarrista, levantando os presentes. "Isso é São Paulo! Vocês são altos!", elogiou o baixista antes da execução de Over the Top, canção que resultou em uma roda gigante no meio da pista premium, emendada por Rock Out.
Phil, então, ficou sozinho no palco e apresentou um curto e belíssimo solo - fatos raros em shows do estilo -, acompanhado por um playback de teclado. Na volta, a banda tocou The Thousands Names of God, seguida pelo clássico I Got Mine, de 1983.
Na sequência, Lemmy enfim pediu a um de seus ajudantes de palco por uma cerveja - brindando com seus companheiros e com a plateia - antes de mandar I Know How to Die, música no melhor estilo Motörhead, presente no último trabalho do grupo.
The Chase is Better than the Catch, uma das melhores composições do baixista, deu sequência à festa. Em seguida, ele anunciou In the Name of Tragedy, recebendo receptividade regular dos presentes, algo totalmente modificado após Mikkey levantar-se da bateria e empunhar os braços, exigindo ovação dos fãs - ao mesmo tempo em que fazia sinal de pedal duplo com as mãos e colocava um fone com um clique no ouvido para manter-se no tempo da canção.
O ótimo instrumentista - de pegada forte e incansável tanto nas mãos quanto nos pés, além de o mais agitado da noite - apresentou seu solo de bateria no meio da música, emendada por Just ´Cos You Got the Power, anunciada por Lemmy como "esta é sobre políticos. Todo mundo os odeia, certo?".
Vale observar que, após o solo de Mikkey, Phil entrou no palco com um cigarro na boca - algo proibido em lugares fechados em todo o Estado de São Paulo -, rapidamente apagado após ter sido alertado por um membro da produção. Outra curiosidade do guitarrista foram as inúmeras correias utilizadas por ele durante o espetáculo. Apesar da troca de apenas três guitarras, o galês usou cinco tipos diferentes de suporte para apoiar o instrumente ao corpo, cada qual com uma inscrição diferente - entre elas, Forever e Roger´s Bitch.
Going to Brazil, homenagem da banda feita após a primeira passagem pelo País em 1989, foi recebida com ovação, seguida por Killed by Death, cujo refrão foi cantado de forma tão poderosa pelo público que tornou até a rouquíssima voz de Lemmy um tanto inaudível.
"Agora tocaremos a última música, certo? Mas se vocês fizerem muito barulho, poderemos voltar para mais uma", anunciou o vocalista antes de Ace of Spades, hit máximo da carreira do Motörhead.
Alguns minutos após deixar o palco, Lemmy e companhia retornaram para a execução da pesadíssima Overkill, que fechou mais uma grande noite do grupo inglês. Os integrantes da banda foram para a frente do palco, jogaram palhetas - Mikkey, duas baquetas -, se abraçaram e despediram-se do público, já acostumado a vê-los periodicamente na cidade. "São Paulo, vocês foram uma ótima audiência esta noite. Obrigado", agradeceu o baixista antes de deixar o palco.
É importante citar duas coisas. A primeira, e principal, é o fato de as chamadas pistas premium - ou vip, como preferir - terem se tornado uma prática comum em shows - não só abertos, como fechados - na capital paulista. Além de serem caríssimas, diminuem sobremaneira o espaço para o público em geral e se mostram quase sempre pouco aproveitadas, tornando a própria dimensão do evento muito menor. Enquanto o público na área "comum" se espremia para ver o palco, aqueles que desembolsaram o dobro não conseguiam ocupar nem metade do espaço que lhes fora reservado, deixando até mais morno o evento. Enquanto os fãs pediam por Overkill durante o intervalo para o bis, nenhuma voz era emitida da pista vip, normalmente um público mais velho, com condições para pagar a mais pelo conforto extra.
A segunda: a violência de certas pessoas. Quando Lemmy distribuiu suas palhetas para os presentes, houve empurra-empurra que acabou gerando briga. Dois sujeitos foram às vias de fato, resultando em um corte na testa de um deles, que não quis conversar com a reportagem. O outro, com o objeto de desejo na mão, conseguiu dar o último soco e correu para fora da pista, sem conseguir ser alcançado pelos colegas do ferido. Não foi possível apurar quem teria começado o confronto, mas isso nem é necessário. Episódios como esse são comuns, não só em shows de rock, como em qualquer outro evento que envolva certo grau de admiração pela atração no palco. Lamentável.
Set-list:
Iron Fist 
Stay Clean 
Get Back In Line 
Metropolis 
Over the Top 
One Night Stand 
Rock Out 
Guitar Solo 
The Thousand Names of God 
I Got Mine 
I Know How to Die
The Chase Is Better Than the Catch 
In the Name of Tragedy (com solo de bateria) 
Just 'Cos You Got the Power 
Going to Brazil 
Killed by Death 
Ace of Spades 
Overkill 

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